Jimmy Corrigan de Chris Ware

Jimmy Corrigan, O menino mais esperto do mundo do jornalista Chris Ware, é uma  belíssima obra, feita com muito capricho e com uma ótima qualidade de impressão, que já fica registrado os meus parabéns a editora Quadrinhos na Cia. (um selo da editora Companhia das Letras somente para quadrinhos), principalmente pelo seu empenho em atender as exigências do autor em querer lançar a edição brasileira conforme a original. americana.

Considerado pela crítica especializada, um dos melhores HQs modernos já lançados em todos os tempos, não vá se assustando achando que é um exagero estar colocando esta obra em um patamar tão elevado. Principalmente pelo conjunto da obra, que este trabalho está entre os quadrinhos modernos mais bem feitos que eu já vi. A qualidade gráfica e toda a sua temática usada por Ware para contar a história é mesmo de se impressionar, até leitores que estão familiarizados com campanhas publicitárias e design gráfico, digo isso em referência aos excelentes recursos empregados neste HQ.

A obra narra a história de Jimmy Corrigan (qualquer semelhança com a vida do autor é mera coincidência...rss), um homem de 36 anos que possui uma  grande dificuldade em se relacionar com outras pessoas e principalmente em lidar com as pessoas que ele convive, como a sua mãe, os colegas de trabalho e seu pai que acaba conhecendo no decorrer da história. Não vou me prolongar muito falando sobre a vida de Jimmy e suas emoções e frustrações enfrentadas no decorrer da sua vida, mas no modo como Ware consegue contar isto em forma de desenhos, a primeira vista parecem ser simples e com poucos argumentos, do tipo quadrinhos silenciosos com mais imagens e poucas palavras, mas após percorrer algumas páginas o leitor já começa a se deparar com um sublime de imagens coloridas com tons pastéis e um ar de desenhos infantis e sua temática moderna e contemporânea, bem redundante conforme o livro, mais super atual.

Com um perfeito trabalho de diagramação e até alguns gabaritos para construção e preparação de alguns jogos e brinquedos. Ware apresenta com maestria as várias possibilidades e tipos de linguagem que podem ser  usadas na elaboração de um HQ moderno, Jimmy Corrigan está entre os mais fantásticas obras, já lançadas em toda a história dos quadrinhos modernos, pelas inúmeras fontes utilizadas e a arquitetura de sua temática. 

A maior parte dos quadrinhos denominados modernos, não são considerados modernos somente pelos bons argumentos existentes em sua obra, e sim pela presença de uma temática mais complexa, e que possivelmente os leitores pouco familiarizados com este tipo de linguagem, não terão uma boa compreensão da história em sua leitura, trazendo uma insatisfação após a sua leitura, e esses leitores na sua maioria desperdiçam a maior parte do seu tempo criticando os bons livros em fóruns de literatura, comentários sem fundamentos, pois na verdade não entenderam a idéia do autor. A dica é "Leia, entenda, reflita e depois comente sobre isto", se pular alguma etapa, a sua opinião não terá grande valor.

O cartunista norte-americano Chris Ware nasceu em 1967 em Omaha, Nebraska. É vencedor de diversos prêmios em variadas categorias, entre eles o Eisner (2001) de melhor álbum gráfico e o Harvey (2006) de melhor cartunista.  Ele ainda faz publicações na aclamada revista em série Acme Novelty Library pela editora Fantagraphics.

Sem dúvidas é um HQ que não poderá faltar na sua estante, principalmente dos amantes da nona arte, vale a pena conferir e se deliciar a cada página, Jimmy Corrigan, O mennino mais esperto do mundo entra para a vanguarda dos quadrinhos modernos.

Valentina 65-66 de Guido Crepax Volume1

Valentina  65-66 de Guido Crepax Volume 1 - Uma ótima publicação reunindo as primeiras estórias de Valentina entre os anos de 65-66, uma fotógrafa jornalista e muito descolada, e muito afrente de seu tempo, que vivia fantasias fetichistas e principalmente foi considerada uma grande revolução por ser uma mulher e o como foi apresentada ao público.

Inicialmente, o protagonista da série era Rembrandt, um homem com um poder misterioso que pode paralisar o oponente com a simples força do olhar, e neste momento se identifica-se como Neutron. Nas primeiras aventuras reunidas nesse volume, a nossa musa aparece como uma fotógrafa que ajuda Rembrandt em seu trabalho como detetive e crítico de arte. A partir daí ela ganha importância para a narrativa e o leitor, passando a ser a protagonista das estórias subsequentes.

Sucesso primeiramente na Itália, Valentina conquistou o mundo formando uma legião de fãs e é cultuada até os dias de hoje e tida como best-seller na Itália e Europa. Bissexualidade, êxtase auto-erótico, sadomasoquismo e devaneios oníricos povoados de referências a Art Nouveau. Está obra é o inicio de uma jornada inesquecível, com o gênio Guido Crepax em pleno desenvolvimento, que influenciou grandes nomes dos quadrinhos adultos, como Milo Manara.

Guido Crepax foi o primeiro grande mestre dos quadrinhos eróticos. A sua carreira se inicio com desenhos de publicidade - ganhou um Palma de Ouro, em 1957 - criou capas de livros e discos. Em 1985, estreou no mundo das HQs na revista Linus, para a qual criou o crítico de arte e investigador Neutron, namorado de Valentina. A personagem mudou totalmente o rumo da série e da carreira de Crepax. Depois de Valentina, o autor deu vida a muitas outras"musas", como Anita e Bianca, além de assinar versões em quadrinhos de clássicos da literatura e literatura erótica.

A Filha de Wolfland de Barreiro e Saudelli

A Filha de Wolfland de Barreiro e Saudelli é antes de tudo uma obra de ficção científica e crítica política baseado na história do Terceiro Reich. O erotismo fascinante e explosivo não comandam a história, mas percorre toda a narrativa, presente na sensualidade do desenho emergido violentamente nas cenas de sexo, apresentadas sem atenuação.

Ricardo Barreiro, realizador do roteiro desta obra, é brasileiro, nasceu 1949, e já trabalhou com outros grandes ilustradores, com J. Gimenez e Rotundo.

Franco Saudelli, nasceu em Latina, perto de Roma, em 4 de Agosto de 1952. Começou a desenhar no inicio dos anos 70, apresentando o seu trabalho a vários editores de Roma. Em 1977 publicou Giorna Senza Fine, pelo qual recebeu o prêmio H. G. Wells, em 1981, com a melhor HQ de ficção científica, na Itália. Em 1981 também desenhou o homem de Wolfland, o roteiro também é de Barreiro, e foi lançado para a Lancio Story. Em 1985 surgiu A Filha de Wolfland, publicado pela Daugard, na França.

Em 1982 começou a colaborar com a revista Orient Express para qual desenhou Iberland, com texto de Ottavio de Angelis. Mais tarde essa série foi publicada em álbum, na França, pela Glénat. Agum tempo depois Saudelli começou a trabalhar em Porfiri com seu próprio roteiro, publicada também pela Oriente Express. Atualmente trabalha para a Comic Art e Pilot-Charlie, onde desenha O homem à nossa imagem.

Persépolis de Marjane Satrapi

Persépolis de Marjane Satrapi, uma belíssima história vivida pela nossa quadrinhista, que com apenas 10 anos de idade se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. descreve a sua vida desde a infância e todos os problemas sofridos por ser uma menina afrente do seu tempo, Vivendo em um país totalmente arcaico e com muitas idéias e interpretações equivocadas dos mandamentos de Deus, que insistem em obrigar o seu povo agir do modo imposto pelo governo totalitário do Xá.

Persépolis apresenta o amor, a rebeldia e a luta, sendo por sua liberdade ou pelo seu direito a liberdade de expressão, é com certeza mais um ótimo lançamento da Cia. dos Quadrinhos, esta obra eu considero a biblioteca básica dos quadrinhos contemporâneos, um ótimo exemplo de como se deve ser feito uma verdadeira Graphic Novel.

Marjane Satrapi nasceu em Rasht, no Irã, em 1969, e atualmente vive em Paris. Estudou no liceu francês de Teerã, onde passou a infância. Bisneta de um imperador do país, teve uma educação da cultura persa com valores ocidentais e de esquerda. Assistiu à derrubada do xá, em 1979, por uma revolução popular que se converteu em ditadura islâmica. Revoltada com a violência da guerra Irã-Iraque e o endurecimento do regime, Marjane foi enviada pelos pais para o exílio na Áustria, aos catorze anos.

Depois de voltar ao Irã, onde estudou belas-artes, estabeleceu-se na França com autora e ilustradora. Marjane escreveu Persépolis em francês, para contar sua vida a seus amigos europeus e americanos. Com grande sucesso de crítica e público, a série teve os direitos de publicação comprados em mais de vinte países e ganhou o prêmio de melhor história em quadrinhos na Feira de Frankfurt de 2004. 

Em 2007, Persépolis foi transformado num longa-metragem de animação, que estreou no festival de Cannes e recebeu uma indicação ao Oscar. Marjane voltou à narrativa de memórias em Frango com ameixas, baseado na vida de seu avô e publicado pela Companhia das Letras em 2008. Seu último livro lançado no Brasil, Bordados, retrata a reunião das mulheres de sua família na casa de sua avó.

Em meio a toda tristeza da situação do Irã, a biografia de Satrapi é forte ao revelar o que é ser um civil no meio de uma revolução, de uma transformação cultural violenta e de uma guerra. Um boneco que não pode fazer nada, sujeito aos desígnios de governantes, que parecem insanos. Mas, no clima de terror e incerteza do país, Marji e sua família ainda encontram tempo para rir. São estes momentos, de humor no meio do caos (às vezes um tanto nervoso), que tornam Persépolis imperdível.

Maus de Art Spiegelman

Maus de Art Spiegelman, uma das melhores narrativas feitas sobre a história do Holocausto, totalmente em quadrinhos. Uma obra que comove e surpreendente, por tão grande a genialidade em que ela foi concebida. A obra narra a história de Vladek o pai de Spiegelman e sua experiência vivida na 2º Guerra Mundial como prisioneiro nos campos de concentração e os desafios enfrentados para não ser capturado pelos nazistas, existe também uma história paralela, que é do autor entrevistando o seu pai, que está com sua saúde debilitada e com problemas com a sua atual esposa e neste paralelo ele apresenta as dificuldades e problemas no relacionamento entre ambos. 

Spiegelman retrata os nazistas como gatos, os judeus como ratos, os poloneses como porcos e os americanos como cães, uma ótima analogia com os animais e seus comportamentos apresentados no decorrer da história. Como toda boa obra, existe as suas particularidades e curiosidades e tratando-se de Maus não seria diferente, pois o nome da obra Maus, é a representação fonética da palavras mouse que significa ratos em inglês.

Maus de Art Spiegelman, está entre as melhores Graphic Novel já lançados de todos os tempos, e  única vencedora do prêmio Pulitzer, está maravilhosa obra foi re-lançada pela Quadrinhos na Cia. (um selo da editora Companhia das Letras para o lançamento de quadrinhos), conforme já foi dito em outros post mais vale a pena frisar. 

A Quadrinhos na Cia. está lançando ótimos quadrinhos nos últimos anos e está mostrando que quer levar a sério o que se diz respeito a quadrinhos de temática adulta e nos últimos anos já lançou Persépolis de Marjane Satrapi, Jimmy Corrigan de Cris Ware, Asterios Polyp de David Mazzuchelli, Maus de Art Spiegelman, entre outros e quero destacar que estes HQ citados são considerados biblioteca básica para o leitor de bons quadrinhos modernos e alternativos ou seja, não devem faltar na sua prateleira ou no seu leitor de livros digitais.

The Umbrella Academy featuring The Murder Magician

The Umbrella Academy featuring The Murder Magician de Gerald Way e Gabriel Bá, escrito por Gerald Way integrante do grupo de rock Chemical Romance e desenhado pelo brasileiro Gabriel Bá, que já ilustrou um dos meus quadrinhos preferidos Daytripper, este HQ foi lançado no dia do Comic Free em 2007 pela Dark Horse Comics nos Estados Unidos e muito procurado pelos fãs do roqueiro Way.

Pode ser até considerado um projeto piloto de pré lançamento das outras aventuras de The Umbrella Academy e dá inicio a uma das séries mais interessantes já lançadas nos últimos anos no estilo de super heróis e vencedora do Prêmio Eisner "considerado o Oscar para os quadrinhos".

A aventura conta e desvenda o mistério da morte de RUMOR, uma integrante da The Umbrella Academy, e nessa obra de estréia já deu para sentir o que tinha por vir, a obra possui uma boa temática, no que deverá agradar muito os amantes dos quadrinhos modernos. Esse HQ pode ser baixado gratuitamente no site da editora ou via itunes para você ler no seu ipod, iphone ou ipad.

Asterios Polyp de David Mazzucchelli

Asterios Polyp de David Mazzuchelli, conta a história de um grandioso arquiteto, um profissional com alto conceito devido aos seus incríveis projetos, que infelizmente nunca chegaram a sair do papel. Polyp leciona em uma Universidade e já escreveu alguns livros e principalmente condiciona uma arrogância impressionante, que não consegue parar de esnobar os seus conhecimentos.

O livro é narrado pelo seu irmão gêmeo Ignácio que acabou morrendo no momento do parto da sua mãe. A narrativa começa no bagunçado quarto de Polyp, que acabará de completar 50 anos de idade,   ele está assistindo algumas fitas de vídeo, o leitor deve prestar a atenção em todos os detalhes, pois tudo que é apresentado faz parte do contexto para a formação da história, e neste exato momento seu apartamento é atingido por um raio e acaba causando um incêndio em seu apartamento e para fugir do fogo com o pouco tempo que lhe resta, ele só tem tempo para pegar alguns pertences. 

Asterios Polyp possui excelentes argumentos e uma temática muita bem aplicada, que acaba deixando fácil o entendimento até mesmo para os leitores pouco familiarizados com esse tipo de leitura e será de grande influência para novos quadrinhos a serem lançados futuramente. As história é conduzida com maestria e vários viagens pelo o passado de Polyp são apresentadas para dar explicações sobre a sua vida. Asterios Polyp é uma obra genial e deve ser apreciada por todos que gostam de um HQ com uma temática super moderna.

David Mazzuccchelli demorou 10 anos para conceber está belíssima obra, e o resultado está estampado em cada pagina desse livro, em suas paletas de cores devidamente empregadas para cada momento da vida de nosso personagem. Um livro fantástico que utiliza as inúmeras variantes existentes para contar uma história na forma de quadrinhos. Com referências que dispensam comentário como, Odisséia, Orfeu, Eurídice, entre outras, com isso acaba deixando a obra muito mais completa.

Asterios Polyp logo ao ser publicada nos Estados Unidos foi imediatamente considerado uma das mais importantes obras e ganhou os prêmios Eisner e Harvey, o que já demonstra a qualidade  desse HQ e podendo até ser colocado no mesmo patamar de quadrinhos como Jimmy Corrigan, o menino mais esperto do mundo. Está é mais uma obra prima lançado pela Quadrinhos na Cia. (um selo da editora Companhia das Letras para o lançamento de Quadrinhos).

Derrotista de Joe Sacco

Derrotista do jornalista e quadrinista Joe Sacco é uma coletânea dos primeiros trabalhos realizados no inicio de  sua carreira, entre os anos de 1988 e 1992 na revista Yahoo, basicamente se trata de uma coletânea com varias história curtas recheadas com um humor ácido e sarcástico, que muitos leitores  e admiradores ainda não conheciam este outro lado de Sacco e para aqueles que não conhecem servirá para se acostumar com os traços do autor.

Sacco é considerado o pioneiro do Jornalismo em Quadrinhos pelo seu trabalho realizado sobre a guerra na Palestina e acabou se tornando mundialmente conhecido por está belíssima obra.

Derrotista fala muito sobre as experiências de vida de nosso autor, quando trabalhava em uma biblioteca e até mesmo quando participou de uma viagem inusitada como ilustrador para uma banda de rock, são muitos momentos hilariantes, contados por ninguém menos que Joe Sacco, que torna as suas histórias muito mais realistas.

Joe Sacco nasceu em Malta. Formou-se em jornalismo na Universidade de Oregon(EUA). Seguindo o gênero Jornalismo em Quadrinhos, Sacco mistura desenhos elaborados e realistas com caricaturas de figuras humanas inclusive de si próprio, que ele teima em desenhar com 'lábios de Mick Jagger', seu maior ídolo.

Joe Sacco vive em Nova Iorque, onde ganha a vida como quadrinista e jornalista. Sacco fez o bacharelato em 1981; no final de 1991 e início de 1992, passa dois meses em Israel e nos territórios ocupados, viajando e fazendo anotações. Quando finalmente regressa a Portland, em 1992, pretende divulgar o que tinha testemunhado e ouvido durante a sua aventura no Médio-Oriente, combinado as técnicas da reportagem in loco com a narrativa das histórias em quadrinhos, para explorar aquela pesada situação emocional. O resultado foi Palestina, Uma Nação Ocupada, publicado em Janeiro de 1993 nos Estados Unidos e em 200 no Brasil.

Desde que foi publicado, Sacco tem sido elogiado pela profundidade da sua pesquisa, pela sensibilidade com que tratou um assunto tão delicado, e pela maestria exibida nos seus dinâmicos e sofisticados argumentos e narrativas ousadas. Palestina foi considerado Melhor Nova Série pela Harvey Awards, recebeu um American Book Award e foi amplamente citado em publicações como The Utner Reader (Sacco é um engenhoso contador de histórias), e o Washigton City Paper (...um dos mais profundos e pungentes tratados sobre o Oriente Médio...).

Em Maio de 2000, Sacco terminou a sua primeira grande obra depois de Palestina: um exaustivo álbum sobre um pequeno enclave muçulmano na Sérvia, chamado Área de Segurança: Gorazde, inspirado pelas suas recentes viagens na região devastada pela guerra. Publicado em 2000 nos Estados Unidos (publicado no Brasil em 2001), o livro colocou Sacco em um patamar de celebridade midiática, com enorme cobertura da revista Time, do New York Times, NPR, The Los Angeles Times Book Review, ede dezenas de outras publicações. E essa receptividade acompanha os trabalhos de Sacco, seja na Europa, seja no Brasil, onde o trabalho de Sacco já ganhou vários HQ Mix, por exemplo, e vem sendo usado exaustivamente em universidades e colégios.

Revolução de Milo Manara

Revolução de Milo Manara é uma das várias obras eróticas do grande e talentoso quadrinista  europeu, Milo Manara. Nesta obra ele conta uma versão para a Revolução Francesa, com uma boa crítica as emissoras e programas de TV, falando de homossexualismo, que é assunto proibido em algumas emissoras, e até mesmo dos testes realizados para seleção de candidatas a futuras celebridades.


Neste HQ, que é considerado um clássico para a Revista Época, a estória começa com com um grupo de rebeldes revolucionários, que estão criando um caos na cidade, estão atrás de pessoas que façam parte de todas as mídias de notícias e pessoas influentes do mundo artístico, que após serem capturados serão mandados para a guilhotina.

Kay, a nossa protagonista e dançarina, está fazendo um teste para um canal de TV, que até podemos afirmar ser bastante contundente com a realidade, pois se trata do tão comentado e famoso "teste do sofá", que até mesmo virou piada entres pessoas do meio artístico. Esse teste se for verdadeiro, pode até mesmo nos explicar, a quantidade de mulheres bonitas e incapacitadas que trabalham na TV, e na grande maioria como apresentadoras, e até mesmo garantem bons empregos internos nas emissoras, polêmicas a parte vamos ao que interessa.

É uma obra um tanto polêmica, por conta do tema tratado. Mas acredito, que nem todos os leitores irão compreender as verdadeiras intenções do autor. Por se tratar de Manara é uma leitura que vale a pena conhecer, com 48 páginas e até bem rápida de ser lida e apreciada. Boa leitura. 

Modotti de Ángel de la Calle

Modotti, Uma mulher do século XX, de Ángel de la Calle é uma impressionante biografia, totalmente feita em quadrinhos. Está obra é uma re-leitura de várias biografias já realizadas para Maria Ruiz seu pseudônimo na guerra civil espanhola. Tina Modotti, como ficou mundialmente conhecida, nasceu em 1896 na Itália, e morreu misteriosamente em 1942 no México, e ficou esquecida nos 25 anos seguintes após a sua morte.

Uma fotógrafa de grande prestígio mundial e revolucionária. Participou da guerra civil espanhola através do Socorro Vermelho Internacional, com o pseudônimo de Maria Ruiz.

Está obra faz uso das várias técnicas narrativas para contar e explicar os segredos e mistérios da vida de Tina Modotti. Com um cunho jornalístico, o escritor trabalhou 15 anos nesta biografia, coletando e investigando minuciosamente  a vida perigosa vivida por nossa fotógrafa, modelo e ativista, e em 2003, lançou a primeira parte da história, em algumas partes o narrador entra nos quadrinhos para mostrar as dificuldades encontradas na realização e montagem desta obra.

Ángel de la Calle realizou algumas viagens para visitar os lugares mencionados nesta perigosa trama que foi a vida Tina Modotti. A militante e comunista que morreu misteriosamente e um labirinto de intrigas e conflitos políticos, pode ter sido apenas uma queima de arquivo, para tirar um pouco do foco, dos principais políticos, que tiveram seus nomes estampados nas capas dos principais jornais da época.

Tina Modotti, teve uma enorme lista de artistas, escritores, revolucionários, entre outros personagens, que cruzaram a sua vida. Posso citar alguns deles como: Olga Benário, Frida Kahlo, Pablo Neruda, Luiz Carlos Prestes, Diego Rivera, Maiakóvski, Hemingaway, Sandino, John dos Passos e James Joyce.

O escritor Ángel de la Calle, publicou a sua primeira HQ em 1977, na revista Star. Fez ilustrações, publicidade, capas de livros e escreveu obras infanto - juvenis. Como ativista cultural, é um dos organizadores da Semana Negra de Gijón e um dos diretores da revista Dentro de la Viñeta.

Modotti foi indicada em 2003, como Melhor Obra e Melhor Roteiro no Salón Internacional del Cómic de Barcelona. Há vários anos publica a tira humorístico - política Mar y Mari no jornal asturiano El Comercio.

"Há um café onde se misturam políticos, pistoleiros, criminosos comuns, toureiros, putas e atrizes de terceira. A personagem mais fascinante de todas é uma fotógrafa e modelo, além de prostituta de muita classe e Mata Hari do Commintern, chama-se Tina Modotti..."

Kenneth Rexroth

O Espinafre de Yukiko de Frédéric Boilet

O Espinafre de Yukiko de Frédéric Boilet, é um HQ erótico, que faz parte da coleção EROS da editora Conrad e principalmente "...mistura fotografias com desenhos, lápis com tinta nanquim, ficção com realidade e metalinguagem..." Folha de S. Paulo.

A história é baseada em uma aventura que Boilet teve no Japão, quando conheceu uma jovem chamada Yukiko Hashimoto, na qual tiveram um romance e acabou topando a idéia de fazer uma HQ, contando alguns momentos da paixão entre Yukiko e Boilet, o ponto peculiar e mais interessante encontrado nessa obra, é o modo em que ela foi construída, com este estilo novo dos quadrinhos contemporâneos, mesclando fotos com desenhos à lápis e nanquim.

O nome da obra pode até parecer um pouco estranho para os leitores, mas tem uma explicação, que veio da sonoridade das palavras em japonês: hôrensô que significa espinafre e heso que significa umbigo. O nosso autor e personagem Boilet, no momento que foi comentar sobre o umbigo de Yukiko, acabou pronunciando a palavra errado, o que acarretou no trocadilho que virou o nome dessa HQ.

Frédéric Boilet é um francês que já tevê outro trabalho publicado na editora Conrad, Garotas de Tóquio que também faz parte da coleção EROS, que é série de HQ's eróticos lançados pela editora. Boilet é um dos casos raros de quadrinistas ocidentais que se deram bem no mercado japonês.

Mr. Natural de Robert Crump

Mr. Natural de Robert Crumb, é considerado o personagem que teve mais destaque na carreira de Crumb, Mr Natural é uma sátira as pessoas que sempre queriam seguir os gurus nos anos 60.

Segundo a biografia descrita por Robert Crumb, Mr. Natural teria se envolvido no tráfico de bebidas durante a lei seca, teria criado um "santo remédio" em 1925 ao mesmo tempo em que se inventava como Dr. Von Natürlich. pois de um período na cadeia, reaparecu como o mágico Mr. Natural, o Magnífico.

A carreira de Mr. Natural também foi curta e escandalosa. Então se tornou músico e virou um grande sucesso entre as big bands com a Mr. Natural e seus Libertinos Líricos. Ficou rico, mas subtamente abandonou tudo para se tornar um andarilho, junto com outros tantos vagabundos da América. E, depois, dizem que andou pelo Oriente Méio, China, Tibet e Afeganistão, onde trabalhou como taxista. Por fim, o encontramos cercado de discípulos na Califórnia.

Mr. Natural é grande sucesso e segue a linha da revista MAD e do movimento contracultura que trouxe inúmeras inovações e sempre fazendo severas críticas humorísticas, e está obra também faz parte das revistas que quebravam a regra de se falar somente de super-heróis e que tudo nos Estados Unidos era lindo e perfeito. Um grande clássico das histórias em quadrinhos e que faz parte das HQ que revolucionaram os lançamentos undergrounds e diz a lenda que a primeira impressão de Robert Crumb foi paga em troca de duas vitrolas e eram vendidas nas ruas pelo próprio Crumb e a sua esposa, que colocavam os exemplares dentro de um carrinho de bebê e saiam pelas ruas para vender.

No Brasil foi lançado pela editora Conrad, que também lançou outros quadrinhos de Robert Crump.

Zestas de Murillo & Resano

Zestas de Murillo & Resano é considerado um dos mais polêmicos quadrinhos já lançados na Espanha. A aventura se passa no País Basco, e tem como o seu principal herói Zestas, que significa cesta em basco, por  sua mãe ter uma cestaria.

A aventura possui grandes ingredientes como: drogas, assaltos, explosões, tráfico, mortes, traição e que não ficaria devendo para nenhuma produção de hollywood, mas o objetivo principal não era esse, e sim, apresentar ao mundo as realidades que acontecem no País Basco, principalmente o trafico e o consumo de drogas, um assunto que nem todos os quadrinistas costumam abordar em suas obras.


Ernesto Murillo tinha uma idéia de copiar alguma história do Oeste, substituindo a ambientação pelo do País Basco e o seu contexto histórico pelo conflito nacionalista, as desordens urbanas e os atentados entre o ETA - Euskadi Ta Askatasuna ("Pátria Basca e Liberdade" em basco) e a ditadura de Francisco Franco na Espanha.

A parte gráfica ficou por conta de Joaquim Resano, e podemos considerar que não é o forte dessa obra, mas o enredo é bastante empolgante e uma boa temática, lembrando muito o estilo do HQ Vida Louca de Jaime Martín que é passado nos subúrbios da Espanha.

Lançado no Brasil pela editora Conrad, está obra se encontra fora de catálogo a algum tempo, mais pode ser encontrado em Sebos especializados.

O País Basco é uma região no território da Espanha e da França. Possui cerca de 20 mil quilômetros quadrados, e é composto por sete províncias: Álava, Biscaia, Guipozcoa e Navarra, na Espanha; e Soule, Labourde, e a Baixa Navarra, na França. A maior parte da população basca concentra-se em Álava, Guipozcoz e Biscaia, sendo que estás três províncias a comunidade e autônoma do País Basco. Os movimentos nacionalistas defendem a constituição de um país independente unificando as sete províncias.

Epicuro, O Sábio de Loebs e Kieth

Epicuro, o sábio de William Messner-Loebs e Sam Kieth esta super HQ conta algumas aventuras de nosso herói Epicuro e seus dois fiéis companheiros: Platão e Alexandre o Grande, que nesta obra não vai parecer tão grande assim, pois ainda era uma criança nessas aventuras. Destaque para presença massiva dos grandes sofistas, guerreiros e deuses da época da Grécia antiga como: Sócrates, Aristóteles, Demócrito, Aquiles, Hero, Esopo, Zeus entre outros...

Com belos argumentos e lindas ilustrações e ao mesmo tempo muito hilárias, Epicuro, o sábio já pode ser considerado uma das melhores obras já lançadas pela editora Conrad e simplismente indispensável para aqueles que amam a filosofia do riso e dos quadrinhos.
A editora teve uma ótima preocupação com o acabamento desta obra que foi publicada em papel couche colorido e capa dura, e infelizmente ela se encontra fora de catálogo no site da editora e que nos últimos anos tem parado várias séries sem nenhuma previsão para o retorno de suas publicações.

William Messner-Loebs que já teve roteiros em obras com a Mulher Maravilha e The Flash durante os anos noventa e se juntou com o ilustrador Sam Kieth, que já ajudou Neil Gaiman desenhando os cinco primeiros volumes de sua série de maior sucesso, Sandman, que é considerada pela crítica especializada um dos melhores séries de quadrinhos de todos os tempos.

Fica um velho provérbio dos franceses: "mettre les rieurs de son côté" (ganhe o apoio dos que dão risada), em fim como a ironia era um dos argumentos principais de Sócrates este livro poderá despertar uma grande curiosidade dos leitores sobre os grandes filósofos e a história da Grécia antiga e seus deuses.